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Mostrando postagens de janeiro, 2018

Henfil, o palestino

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Há 30 anos morria Henfil, talvez o cartunista que mais tenha influenciado a opinião pública brasileira, especialmente nas décadas de 70 e 80. Ele esteve presente de corpo e arte e foi um dos mentores dos grandes movimentos nacionais pela Anistia, pelas “Diretas Já”, pela Constituinte e pela fundação do Partido dos Trabalhadores. Henfil não sobreviveu à AIDS, contraída em transfusões de sangue para tratamento de sua hemofilia, e não pode ver alguns resultados de suas lutas políticas. A Anistia ficou pela metade, sem punição dos torturadores, os quais voltaram a receber apoio de Bossalnaros e de parte de uma geração desinformada sobre o que é uma ditadura militar. As “Diretas Já” resultaram na eleição indireta do Tancredo Neves, que morreu na praia e deixou em seu lugar o latifundiário José Sarney e uma sequela chamada Aécio Neves, seu neto. A Constituinte foi capaz de, surpreendentemente, construir uma Constituição que procurava garantir direitos sociais e nos transformar numa nação m

E se...

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Morosidades

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Meu tríplex no Guarujá

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Lendo o livro do filósofo Euclides Mance sobre a sentença de Moro contra Lula ( VER AQUI NA ÍNTEGRA ), lembrei-me de que já passei por situação semelhante à do ex-presidente quando tentei recuperar minha casa, que estava alugada enquanto eu fazia o doutorado em São Paulo. Quando retornei para Belo Horizonte, o inquilino não quis me devolver a casa. Naquela época vigorava a lei da “denúncia vazia” (continuaria em vigor na Lavajato?), que dizia que um proprietário somente poderia exigir o imóvel de volta se fosse para sua própria residência. Meu inquilino, devidamente alertado por um advogado tipo Gilmar Mendes, alegou na justiça que eu possuía outras propriedades, o que não era verdade. Provar que você é dono de um imóvel é fácil (por exemplo, basta pedir à OAS a escritura do tríplex em Guarujá para sabermos a quem pertence o imóvel), mas provar que você não é dono de um imóvel em qualquer parte do Brasil não era fácil (parece que continua não sendo).  Resultado, apesar de eu não

Cláusula pétrea

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Descobri que a sala Onde trabalhei por décadas É apenas uma sala. Enquanto eu erguia monumentos de argila, Nas salas ao lado Havia crianças, risos e orgasmos. Então, estou há anos nesta antessala, Com a senha de prioridade, Para reclamar.  Mas somente agora vejo na entrada da sala principal O aviso: “Não aceitamos devoluções  Por uso inadequado da vida”.

Países de merda

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“Haiti, El Salvador e países africanos não são países de merda. Para começar, eles não têm um Trump como presidente. ” Amei as respostas dos humoristas norte-americanos  ao seu presidente racista Donald Trump: VER AQUI no The Guardian

#METOO

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Previsão do crime para 2018: mais 50 mil mortes

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Depressão é falta de sentido na vida e não de serotonina

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Esclarecedor este artigo publicado no The Guardian de hoje: VER AQUI Parece-me que temos estado enganados sobre a origem da depressão psicológica : é hora de repensar a sociedade na qual vivemos. Apesar de sua baixa probabilidade de sucesso (ver comentário do Professor Ramon Cosenza no meu post de ontem), temos que torcer para que aconteça  a mutação  cultural chamada DEMOCRACIA INCLUSIVA! E, de quebra, FORA TEMER E SUA QUADRILHA!

O ser humano é inviável? – Resposta ao Millôr Fernandes

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Há muitos anos ouvi o Millôr [1] dizer que “o ser humano é inviável”. Desde então esta frase de um dos meus ídolos intelectuais tem me intrigado, porque nunca tive certeza se ele estava fazendo uma brincadeira despretensiosa ou se sua afirmativa era resultado de longa experiência de vida e cultura, alguma verdade filosófica embalada pelo seu excelente humor. Tentei em vão decifrar se Millôr se referia ao ser humano enquanto espécie animal ou aquele ser idealizado nos sonhos humanistas ou a ambos. Ao mesmo tempo, esta frase do Millôr me desafiava a concordar ou não com ela, obrigando-me a tentar conciliar numa única resposta as minhas múltiplas e antagônicas personalidades: o médico, o ativista político, o cientista e o cartunista. De um lado, como médico, tenho sido otimista por causa do desenvolvimento da ciência no conhecimento da natureza, que pode levar à cura das doenças e à diminuição do sofrimento humano. Também imbuído de esperança tem sido o meu posicionamento político