Normal



O irmão disse que o atirador era um cara normal. Ele tinha 42 armas de fogo em casa, ficara rico com negociatas de imóveis, vivia passeando em cruzeiros para jogar grandes quantidades de dinheiro nos cassinos a bordo, não tinha qualquer ligação política (teria votado na Clinton ou no Trump?), mas era um cara normal.

Como foi normal a entrada dele num hotel de luxo com diversas armas de longo alcance.

Também foi normal a reação do Trump (outro normal) atribuindo a tragédia ao Mal, essa entidade abstrata que não pode ser submetida a nenhuma política de controle de armas porque seria uma restrição à sua liberdade de sair por aí matando os outros.

E foi normal o correspondente da Globo News dizer que nada, absolutamente nada vai mudar nos Estados Unidos depois de mais este massacre de dezenas de pessoas por indivíduos psicopatas portando armas de fogo automáticas.

De carona, foi normal o Estado Islâmico assumir a autoria das mortes, pois o atirador teria se convertido pela internet, porque, afinal, vivemos numa época em que as Fake News elegem presidentes.

Por fim, é normal nossa reação de grande consternação diante da tragédia norte-americana enquanto somos indiferentes às tragédias cotidianas em escala semelhante no Oriente Médio e na África.

Estou impressionado com tanta normalidade.

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