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Mostrando postagens de janeiro, 2016

FRONTEIRAS

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Tribos de areia

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Fábula Iano-Momesca  [1] Era uma pequena praia, no litoral brasileiro e próxima a Peracanga, mas muito especial. Lá, os grãos de areia adquiriram características inacreditáveis há algum tempo. Como todos sabem, os grãos de areia têm um impulso natural para subir uns sobre os outros, porque aqueles que ficam acima têm menos chance de serem arrastados pelas ondas do mar. Os mais habilidosos em trepar sobre os outros, portanto, viviam mais tempo, o que lhe permitia deixar mais descendentes quando se fragmentam ao final de sua vida útil de cerca de 30 ou quarenta minutos.  Além disso, como também é do conhecimento geral, quanto mais alta a posição do grão de areia, mais ele atrai as partículas de sílica em suspensão no vapor da água do mar, o que aumenta o seu tamanho, tornando-os mais fortes e resistentes, prolongando assim a sua vida. O tamanho do grão também determina a sua capacidade de atrair outros grãos menores, inclusive os rosados,

Um ser especial

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Recebi alguns comentários sobre minhas impressões de Cuba, em geral de amigos atenciosos, inclusive do Santiago, que participou da viagem inesquecível que fizemos, e do Cid Velloso, que reproduzi aqui no blog e de alguns cubanos. Interessante foi perceber que a maioria “gostou” do texto (são amigos, é claro), apesar do amplo espectro de opiniões políticas contida neste seleto grupo de leitores. Alguns perceberam no relato qualidades jornalísticas (no caso, uma percepção do Ernesto Rodrigues, um dos maiores jornalistas brasileiros, por coincidência meu irmão, o que muito me honra), outros ficaram emocionados e houve até alguém que encontrou nele alguma poesia. No entanto, um dos comentários, de uma pessoa que não quer ser identificada, lastimou o que chamou de “tragédia do meu idealismo de esquerda”, apesar de se sentir solidário comigo neste suposto infortúnio. Fiquei a matutar sobre suas palavras enviadas como solidariedade e crítica
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A certeza é uma graça divina

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Depois de publicado este cartum, meu amigo Yehuda lembrou-me de um texto do Fernando Pessoa que diz: "Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado um com o outro. Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou suas razões. Ambos tinham toda razão. Não era que um via uma coisa e outro outra, ou que um via um lado das coisas e o outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão. Fiquei confuso desta dupla existência da verdade."

Banana Phone

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Criação da Alice, com colaboração do Francisco e do LOR

Outras visões sobre Cuba

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Estive de férias por uma semana em Lambari, sob a chuva constante que acabou por transbordar os rios ao redor, causando grande enchente que nos fez levantar acampamento e voltar para Belo Horizonte. Entre uma pancada de chuva e outra, encontrei por acaso na biblioteca de meu pai o livro “Cuba de Fidel – Viagem à ilha proibida” do Ignácio Loyola Brandão, escrito em 1978 (ainda época da ditadura militar brasileira e da Guerra Fria em todo o mundo), logo após sua viagem a Cuba, realizada na companhia de Chico Buarque, Marieta Severo, Antônio Callado e outros brasileiros, para serem jurados no Prêmio de Literatura Casa das Américas daquele ano. Além da semelhança entre as situações, um grupo de brasileiros participando de um júri cultural pelo interior de Cuba, as quais descrevi recentemente envolvendo Santiago, Olga, Rafael Correa, Carol, Thalma e eu, descobri no livro outras informações importantes que o nosso grande autor de Zero foi capaz de reunir e nos apresentar de forma divertida

Duas sugestões

Convido a todos a visitarem o HUMORDAZ ESPECIAL que está excelente. Basta clicar em www.ohumordaz.blogspot.com.br Aqueles que desejarem uma cópía do meu relato sobre a nossa viagem a Cuba podem baixar a página que estará permanentemente ao lado "Impressões de Cuba 2016".

Comentários do CID Velloso sobre Cuba

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Transcrevo abaixo, com sua autorização, os comentários do amigo Cid Velloso, médico e Professor Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, tendo sido seu Diretor e Reitor da Universidade, e é uma pessoa que possui vasta experiência em viagens, inclusive duas a Cuba em missões técnicas sobre programas de saúde (tanto em governos do PSDB quanto do PT). Cid tem a qualidade da franqueza e das opiniões firmes, mas nunca abre mão da delicadeza e do espírito democrático. Obrigado Cid. Sinto-me honrado com sua leitura dos meus textos. LOR, Seu relato de viagem, com impressões e análises políticas é excelente, valorizado pelos seus ótimos cartuns e de seus colegas cartunistas encontrados na viagem a Cuba. Vou comentar alguns itens do relatório, mas resumo no seguinte: a sua impressão final global da questão e da história de Cuba é muito parecida com a minha: sempre fui um entusiasta da revolução cubana que foi vitoriosa em 1959, com aquelas figuras heroicas e bo

A coleção

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          IMPRESSÕES DE CUBA Reuni os comentários sobre a nossa viagem a Cuba num PDF. Quem desejar receber por e-mail gratuitamente, basta enviar-me um e-mail: rodrigues.loc@gmail.com

Impressões de Cuba – A última noite em Havana

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Desenho do Adán, excelente cartunista do Juventud Rebeld. Uma mudança nos planos do grupo brasileiro fez com que retornássemos de Santa Clara no domingo e esta casualidade resultou numa sequência de acontecimentos que deram o derradeiro colorido emocional à nossa viagem a Cuba. Como eu e Thalma não tínhamos reserva em hotéis para a última noite em Havana, todos lotados nos últimos doze meses com o aumento do turismo, Martirena e sua esposa Niury gentilmente conseguiram para nós uma hospedagem na casa de Ilia, no bairro Vedado em Havana, antigo reduto da aristocracia antes da revolução de Fidel Castro, ao preço de 30 pesos turista, cerca de 120 reais. Chegamos à casa de Ilia à noite, completamente encharcados pela forte chuva que nos atingiu depois de deixarmos o ônibus da comitiva e demoramos a conseguir um taxi. Fomos recebidos com muita gentileza por Ilia e uma espanhola que também estava ali hospedada, assim como havia um casal de alemães noutro quarto, qu

Impressões de Cuba 7 – O desconforto de um “classe média”

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Sou brasileiro, branco, homem, formado em medicina e professor universitário aposentado, portanto sou pertencente à classe média, no sentido econômico e ideológico do termo. Meu olhar sobre Cuba, ainda que submetido a uma tentativa de controle consciente em decorrência de minhas posições políticas, certamente é perpassado pelos valores da classe à qual pertenço, ou seja, o conforto cotidiano, os valores da educação formal, as expectativas civilizatórias ocidentais e a liberdade de opinião e a democracia eleitoral. Consequentemente, nos sete dias que passei em Cuba percebi algumas coisas que me incomodaram e para as quais busco um significado real além do colorido ideológico de minhas retinas. A primeira delas é que é um país submetido a uma guerra econômica, como já comentei, gerando pobreza, escassez de recursos essenciais e clima de restrição democrática de opinião. No entanto, apesar da pobreza geral, há uma altivez no olhar dos cubanos, co

Impressões de Cuba 6 – Os heróis civis

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Este desenho é uma adaptação da piada que ouvi de um dos cartunistas cubanos, que retrata a situação de baixa remuneração dos médicos cubanos, comparando-os aos trabalhadores que estão próximos aos turistas, dos quais podem receber gorjetas em peso turista (equivalente a 1 dólar) que significam quantias substanciais em peso cubano (25 vezes menos).  De fato, apesar do seu acesso garantido aos serviços públicos, como moradia, transporte, saúde e educação (básicos e no limite da pobreza), meus colegas cubanos recebem cerca de 50 dólares por mês de salário, o que representa um pouco mais que o salário mínimo de cerca de 36 dólares, uma pequena diferença com os demais trabalhadores, comparada aos exorbitantes salários médicos em outras partes do mundo. A dureza da vida cotidiana e o número de médicos formados por Cuba anualmente (apenas 2 mil a menos do que o Brasil) faz com que cerca de 15 mil profissionais de saúde sejam enviados para diversos paíse